Com paixão e conhecimento singular, nossos documentaristas estão sempre superando limites e inovando conceitos, nunca se abalando com as privações, riscos e dificuldades enfrentadas. Em busca da luz ideal, do enquadramento inexplorado, da imagem perfeita, as situações adversas se tornaram cotidianas em nosso trabalho.

 

“Passar fome, sede, calor e frio extremos; suportar o medo, fortes dores e estafa mental; desviar de pedras que poderiam destroçar o melhor dos capacetes ou quase ser arrastado 600 metros por um desmoronamento iniciado por suas próprias mãos; trabalhar dias sob alto risco no turbilhão de uma enorme cachoeira; quase ser esmagado por uma enorme baleia ao remar por zonas selvagens do extremo sul; se arriscar ao ataque de animais selvagens em busca do melhor ângulo; ter as mãos e os pés cheios de feridas em uma perigosa escalada ou perder as unhas por congelamento após um bivaque forçado em um gélido vulcão; sofrer espasmos pela hipotermia, com o corpo encharcado sobre a neve; mergulhar em águas contaminadas com parasitas que poderiam lhe deixar paraplégico; passar vários dias de alta exposição pendurado em um isolado paredão rochoso; ser esmagado por uma mula ao rolar por uma pirambeira, ao documentar dias de dura cavalgada; ter que dormir com centenas de carrapatos ou com as roupas enlameadas em temperaturas negativas; se pendurar em um helicóptero que manobra arriscadamente entre precipícios; se acostumar com os ataques de marimbondos e perder a conta de quantas vezes quase foi picado por uma cobra; após dias de árdua exploração em uma montanha isolada, ter a orelha perfurada por um facão durante uma queda; cruzar um rio com forte corrente em uma instável canoa, durante uma enchente sob temporal; sentir a morte se aproximar tantas vezes e, com frieza e técnica, sempre encontrar uma saída para a situação... as histórias se perdem em nossas memórias.”