SEA RIDERS ON THE STORM: remando na tempestade - 2016
Um dos melhores dias da minha vida! As rajadas de vento ultrapassaram os 100 km/h em várias cidades e as ondas chegaram a 3,5 metros em alguns pontos da costa. Resultado da formação de um ciclone próximo da costa Sul do Brasil e do avanço de uma forte frente fria, a tempestade do último dia 21 de agosto causou caos e destruição em vários municípios litorâneos brasileiros do Sul e Sudeste, em uma faixa de cerca de 1.300 quilômetros que compreende o litoral de Santa Catarina e do Paraná, a Baixada Santista, o Litoral Norte paulista, a Costa Verde, a região metropolitana do Rio de Janeiro e a Região dos Lagos fluminense.
A combinação de frio e umidade fez com que nevasse na cidade de São Joaquim, na serra catarinense, e segundo a empresa Centrais Elétricas de Santa Catarina “cerca de 18 mil residências ficaram sem luz na Grande Florianópolis”, município que também sofreu com destelhamentos e queda de árvores (algumas sobre moradias) devido a rajadas que chegaram a 87 km/h. Em outras áreas do estado catarinense houveram inundações nas regiões costeiras mais baixas. Em Santos a Praticagem afirmou que os ventos chegaram a 105 km/h. O mar inundou prédios, arrastou carros e causou transtornos na cidade, deixando ao menos uma pessoa gravemente ferida. Segundo a Prefeitura, vinte toneladas de pedras foram arrastadas para as avenidas Bartolomeu de Gusmão e Saldanha da Gama, o fornecimento de energia sofreu oscilações e a entrada e saída de navios do Porto de Santos, o maior da América Latina, foi suspensa devido à forte ressaca na orla.
A fúria da natureza também causou estragos no Litoral Norte. São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba sofreram com alagamentos, destelhamentos, derrubada de muros e fachadas, queda de barreiras na Rio-Santos e interrupção de energia, telefonia e internet.
Somente em São Sebastião foram registradas pelo menos 39 quedas de árvores (11 sobre residências) e a Defesa Civil precisou remover algumas famílias de suas casas, incluindo uma que teve a sua moradia soterrada. Com mar revolto e ventos de 80 km/h, “com picos de até 95 km/h” (CPTEC/INPE), a balsa para Ilhabela precisou ser interditada por 16 horas, com a vidraça da cabine quebrada e o envio de 153 turistas para um abrigo.
Alguns povoados litorâneos ficaram irreconhecíveis após a tempestade, como a vila de pescadores de Trindade (Paraty, RJ). Antigos moradores declararam que esta foi a “pior ressaca da história” desta comunidade, responsável pela destruição de estruturas de inúmeras casas, restaurantes, pousadas e campings e parcial transformação das características de suas praias, que tiveram árvores arrancadas e perda de boa parte das faixas de areia.
Durante o último dia da polêmica Olimpíada brasileira, o Rio de Janeiro também foi castigado pela forte tempestade, a ventania derrubou uma grade do estádio do Maracanã, arrancou telhados, provocou queda de energia e deixou muitos estragos. Em Copacabana o vento chegou a 103 km/h, mas segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) o recorde foi na sua estação no Forte de Copacabana, com a marca de 122,8 km/h.
* * * * * Apesar de lamentar pelos prejuízos causados a tantas pessoas, como tudo na vida, o que gera caos para alguns pode bem ser a salvação para outros. Após mais de 5 anos de planejamento e treinos, na véspera da nossa tão aguardada expedição, nenhuma ressaca pode ser desperdiçada na busca de evoluirmos ainda mais diante dos nossos maiores objetivos.
Talvez possam existir desavisados que considerem algumas das nossas "escolhas" como atitudes "irresponsáveis", "inconsequentes" ou qualquer outro termo que não mereça ser relacionado com os minuciosos, peculiares e exigentes preparativos de uma expedição minimalista de longa duração – aventura esta na qual assumir altos riscos faz parte do salgado preço a ser pago pelos infinitos prazeres saboreados no decorrer de tais jornadas.
Mas como sempre repito, "se você quer se preparar para aventuras realmente extremas, pare de treinar apenas no dias de céu azul e em áreas tranquilas e bem protegidas.“ É sempre difícil encontrar um bom comparsa que tope encarar as mais eloquentes ideias minhas e da Fernanda Lupo, ainda mais sob condições extremistas, mas após muitos convites e desistências por sorte conseguimos “sequestrar” o sempre motivado e dedicado Evaldo Plado que topou “superar os seus limites” e fazer parte do nosso time neste dia realmente épico no Arquipélago de Ilhabela, reforçando assim a nossa segurança.
Valeu meus caros pela constante confiança, determinação em evoluir (sob a tênue linha que divide a segurança e os riscos reais), camaradagem e capacidade de decisão e soluções técnicas. Vocês foram ótimos! Valeu Netuno pelo melhor treino dos últimos meses! Tks GORE-TEX Products North America & Windstopper for the credibility and strength! Thanks for making our work less hard and our dreams come true!